fonte: publico.pt

Promovido pela Cãmara de Lisboa e dirigido por José Pinho, o novo festival vai ocupar teatros, cinemas e livrarias, e também as ruas e praças da cidade.

A primeira edição do Festival Literário de Lisboa vai decorrer entre 5 e 9 de Maio em vários locais da cidade e reunirá mais de 70 autores portugueses e estrangeiros. A iniciativa é da Câmara Municipal de Lisboa e a direcção artística será assegurada por José Pinho, fundador das livrarias Ler Devagar e criador do Folio, o festival literário de Óbidos.

Oficialmente designado Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa – Lisboa 5L (porque quer promover a língua, a literatura, os livros, as livrarias e a leitura), o festival abre no dia em que se comemora, por decisão da Unesco, o dia mundial da língua portuguesa, 5 de Maio, e a sua programação incluirá debates, mesas de autor, concertos, cinema, performance, encontros e exposições, que decorrerão em espaços variados, que vão do Teatro São Luiz ao Museu da Farmácia, onde se realizarão os debates e mesas de autor, passando pelo Cineteatro Capitólio ou pelo Cinema Ideal, com algumas iniciativas a terem lugar ao ar livre, nas ruas e largos lisboetas.

Entre os autores convidados contam-se portugueses como Hugo Cardoso, Inês Fonseca Santos, André Letria, Carla Oliveira, Isabel Minhós Martins, Pedro Mexia, José Pacheco Pereira, Bruno Vieira Amaral, Cláudia Andrade, João Tordo, Isabel Rio Novo, Lídia Jorge, Mário de Carvalho, Mário Zambujal, Teolinda Gersão, Gonçalo M. Tavares, Filipe Melo, Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz, Matilde Campilho ou José Luís Peixoto.

Dos restantes países de língua portuguesa participarão Itamar Vieira Junior, Paulo Werneck e Paulo Scott, do Brasil, José Eduardo Agualusa e Ondjaki, de Angola, e Inocência Mata, de São Tomé e Príncipe. Há ainda convidados de outras paragens, como o argentino Alberto Manguel, agora radicado em Lisboa, a alemã Doris Wieser, professora na Faculdade de Letras de Coimbra, os franceses Jean-Luc Nancy e Guillaume Husson, os italianos Donatella Di Cesare e Leonardo Taiuti e os espanhóis Jorge Carrión e Jesús Trueba, entre outros.

Nestes encontros vão ser debatidos temas da actualidade no contexto da criação, da produção e da circulação da literatura, mas também de ciência, do ciberespaço, de ócio, de economia e, sobretudo, da condição humana, adianta a organização. 

A palavra será celebrada também através da música, e mais concretamente através de concertos nos quais a “palavra escrita, dita, musicada e cantada” ganha o protagonismo. Estes eventos contarão com artistas como os Poetry Ensemble ou a Lisbon Poetry Orchestra, mas também Sérgio Godinho, Filipe Raposo, Capicua ou Camané.

O Cinema Ideal será espaço para o ciclo de cinema Filmar Literatura, uma selecção de filmes adaptados de diferentes obras e géneros literários, que vão do conto à novela gráfica, num programa exclusivo, criado em parceria com o IndieLisboa, que exibirá Uma Abelha na ChuvaApocalypse NowBlow-UpGalinha Com Ameixas e Bruscamente no Verão Passado.

A performance Bem Essencial, Pão, Água e Livros, com concepção artística de Madalena Victorino e Pedro Salvador, é um percurso performativo, com a participação do público (através de pré-inscrição), pelas ruas, largos e becos da zona da baixa lisboeta.

Haverá ainda lugar para duas exposições, uma de Cartas de Lisboa e outra de Álbuns Ilustrados, que vão estar patentes em cinco praças da cidade e na Livraria Snob/Brotéria.

Cartas de Lisboa, com curadoria de Rita Marquilhas, reúne 45 cartas escritas há centenas de anos, que inspiraram quatro artistas portugueses contemporâneos a criarem uma ilustração, que será apresentada lado a lado com a carta correspondente.

Álbuns Ilustrados, com curadoria de Sara Amado, reúne uma biblioteca de 25 álbuns ilustrados e de 25 actividades desenvolvidas por alunos em meio escolar no âmbito do projecto A Janela, um programa do 5L de educação para a cidadania no primeiro ciclo, a decorrer até 2022.

Quanto aos Itinerários Literários, são percursos na cidade, guiados pelos olhos e pela mão de consagrados autores portugueses, que levam o público a percorrer as ruas de Lisboa, revisitando obras e descobrindo autores clássicos menos conhecidos: Joaquim Paço d”Arcos, Eça de Queirós, Luís de Camões e o heterónimo pessoano Ricardo Reis, este último conforme foi retratado por José Saramago.

Estão também previstas emissões ao vivo no Instagram e um mapa digital sobre as paisagens literárias de Lisboa.

A par deste programa nuclear do festival, decorrerão actividades paralelas, desenvolvidas por um conjunto de parceiros – editoras, livrarias e espaços culturais – “cúmplices no propósito de transformar a cidade, durante estes cinco dias, no recinto de uma grande festa consagrada à língua e à literatura”, destaca a autarquia.

A primeira edição deste novo festival, que partiu de uma proposta do PCP aprovada em reunião de câmara em Setembro de 2018, esteve inicialmente prevista para Maio de 2020, mas a pandemia obrigou a adiar a iniciativa para este ano. Na altura em que foi anunciado pela primeira vez, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) explicou que José Pinho foi o autor da proposta escolhida “no âmbito do concurso público realizado para a Direcção Artística do Festival Lisboa 5 L” e que a ele “caberá a programação e a coordenação geral deste evento”.

A CML recordou então que José Pinho é o “criador, director, curador e coordenador dos festivais literários Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos e Latitudes: Viagens e Viajantes”, que foi co-fundador das livrarias Ler Devagar e é sócio-gerente da histórica livraria lisboeta Ferin. Deve-se-lhe ainda, sublinhou a autarquia a instalação das livrarias de Portugal enquanto país convidado nas feiras do livro de Sevilha e de Madrid, em Espanha, e de Guadalajara, no México.