Vazio
Título
Vazio
Autor
Catarina Sobral
Edição
Pato lógico, 2014
Dimensões da educação para a cidadania
educação para a saúde
Palavras-chave
necessidade de nos sentirmos completos; o que nos preenche; futilidade; o que nos faz felizes; aquilo de que gostamos; a necessidade do outro para sentirmos inteiros
ENQUADRAMENTO
Por vezes sentimo-nos vazios, sozinhos, mesmo quando temos muitas coisas e estamos no meio de muitas pessoas. Acontece haver até quem se sinta sozinho, vazio, mesmo em sua própria casa, com a sua família.
Neste livro, acompanhamos a vida de um senhor de chapéu que carrega consigo uma mala. Nunca chegamos a saber o que lá vai dentro, mas o senhor está vazio: branco como as páginas de um livro. Nas páginas em que nevou, até desapareceu, o pobre homem!…
Nesta cidade, no consultório, no supermercado, existem outras pessoas, mas não percebemos se elas dão conta de que o nosso Senhor Vazio sequer existe. Reparaste como foi esborrachado no sofá da sala de espera do consultório?
O Senhor Vazio parece não ter família.
Porque está vazio, vai-se enchendo de coisas boas: comida, natureza, arte. Mas tudo o que o enche por uns tempos, acaba por se ir apagando, desaparecendo.
Só quando se cruza com uma senhora — a Senhora Vazia —, é que algo acontece. E alguma coisa (importante?) aparece e começa a crescer, bem visível, dentro dos dois corpos ex-vazios.
PERGUNTAS PARA PENSAR
O que será isto de estar vazio? Será como ter fome?
Que parte de nós é que se enche e esvazia? O coração? A cabeça? O estômago?
Alguma vez te sentiste vazio? O que é que nos pode esvaziar? Esse vazio pode ser bom?
Já te sentiste vazio no meio de muita gente? O que fizeste?
Já sentiste alguém vazio ao teu lado? O que fizeste?
O que te enche? O que te faz sentir bem, feliz, preenchido, completo?
Como é que podemos guardar em nós as coisas preciosas que nos enchem?
Quando te sentes feliz com alguma coisa, essa sensação dura muito tempo? O que é que em ti permanece por mais tempo?
E que sensação de preenchimento desaparece mais depressa? Quando recebes um brinquedo novo? Quando reencontras um amigo que não vias há muito? Quando fazes bem a alguém? Quando comes um gelado? Quando consegues fazer alguma coisa que demoraste algum tempo a conseguir fazer?
EXPLORAÇÃO
Elaboração, à escala real, de uma silhueta vazia que se vai preenchendo com aquilo que nos completa e satisfaz
Tipo de exploração
expressão plástica
Material sugerido
papel de cenário ou outros papéis de grandes dimensões; fita de papel ou fita-cola; lápis de carvão; borracha
O que te propomos é que cada um experimente ser o Senhor Vazio e perceba o que de facto o preenche.
1. Sobre um papel de cenário (ou um conjunto de cartolinas ou papéis que juntes com cola ou fita-cola uns aos outros), desenha a silhueta do teu corpo ou pede ajuda ao teu professor ou a um colega para te decalcar. Põe-te numa posição de que gostes, deitado sobre o papel e, com um lápis, contorna todo o teu corpo.
2. Agora faz uma lista de coisas que te enchem. Podem ser coisas, objetos, alimentos, ações, pessoas, lugares de que gostes ou que te façam feliz.
3. Escolhe coisas da tua lista e desenha-as dentro do teu corpo vazio, a lápis de carvão. Podes fazer as coisas pequeninas de que gostas serem maiores do que coisas grandes, se forem mais importantes para ti.
4. Depois, deixa o tempo passar sobre este desenho.
5. Passado um tempo, olha para o teu corpo já cheio e pensa: de tudo aquilo que desenhaste, o que é que realmente te enche mais? À medida que fores percebendo o que é, apaga aquilo que for menos importante para ti, aquilo que te enche por pouco tempo, porque, afinal, não é assim tão essencial. Não o apagues totalmente. Só o suficiente para ficar meio desaparecido. Repara como, no livro, as coisas que vão enchendo o Senhor Vazio se vão desvanecendo também. São coisas que o satisfazem, mas que acabam por não ficar com ele porque não são realmente fundamentais.
6. Quando terminares, vais ficar com uma espécie de radiografia daquilo que é mesmo importante para ti.
Podes voltar a este desenho mais tarde: à medida que vais crescendo, vais reparar que há coisas que vais querer apagar e outras que vais querer acrescentar!