O livro dos erros
Título
O livro dos erros
Título original
The Book of Mistakes
Autor
Corinna Luyken
Tradução
Susana Cardoso Ferreira
Edição
Fábula, 2018
Dimensões da educação para a cidadania
educação para os direitos humanos
Palavras-chave
valor do erro; o erro como ponto de partida; o erro como elemento criador; aceitação das imperfeições
ENQUADRAMENTO
Quantas vezes já ficaste furioso por estragares um desenho? Ou, se não furioso, triste ou frustrado?
Não é fácil errar e também não é nada fácil aceitar que erramos. Muito menos perante os outros. Tal como não é fácil emendar um erro ou recuperar dele. Porque temos de começar tudo do zero, porque dá trabalho, porque confirmamos que não somos infalíveis.Mas a verdade é que às vezes falhamos, não somos perfeitos.
Este O livro dos erros não conta propriamente uma história, mas leva-nos numa viagem em que o desenho das personagens se transforma com a sua própria vida; em que, a cada erro — e são muitos! —, se responde com uma solução e, dela, surge uma oportunidade. Na verdade, se a Corinna (a ilustradora desta história) não tivesse deixado cair um borrão mesmo em cima da cabeça da menina, ela nunca teria ganhado um capacete espetacular: um capacete que, afinal, é o mundo!
PERGUNTAS PARA PENSAR
Quando o professor faz uma pergunta e acertamos a resposta, ficamos felizes, mas quando erramos, ficamos aflitos, tristes, frustrados ou envergonhados. Quando erras, como te sentes?
Às vezes até gozam connosco quando erramos a resposta a uma pergunta ou fazemos um desenho muito torto. E aí, já não nos basta não estarmos contentes connosco próprios como ainda temos de suportar o gozo. Não é fácil, pois não? Como costumas reagir nestes casos?
A verdade é que ninguém nasce ensinado, certo? Todos começamos por ter de aprender a andar, a falar, a andar de bicicleta, a dar a cambalhota, a ler, escrever, contar. Será que podemos aprender sem errar?
Será que os adultos também erram? Ou agora, que são crescidos, não têm de aprender mais nada porque já sabem tudo, já sabem fazer tudo e nunca erram?
Repara, nem por uma vez a Corinna usa borracha. Muitas vezes na vida, também não temos uma borracha para emendar os erros que fazemos… Neste livro acontecem vários desastres que parecem não ter remédio. Talvez até fosse mais fácil usar uma borracha, mas a verdade é que, se a Corinna a tivesse usado, talvez nunca tivesse chegado a fazer os incríveis patins, as maravilhosas golas de renda, o belíssimo capacete. Sendo assim, parece-te que o erro pode servir para inventar coisas novas e magníficas?
O Covid não é propriamente um erro, mas, no sentido em que nos alterou a vida a todos de maneiras inimagináveis — até aos adultos mais sabichões! —, é um verdadeiro desastre. Um borrão sobre a cabeça do mundo. Será que é só isso mesmo? Ou será que pode ser uma oportunidade? Uma oportunidade para cada um? Uma oportunidade para todos? De que maneira?
EXPLORAÇÃO
Criação de um “Tesouro de erros preciosos” que podem ser o ponto de partida para criar coisas surpreendentes
Tipo de exploração
projeto (escrita e expressão plástica)
Material sugerido
um baú/caixa; papel; lápis; outros materiais riscadores
A Corinna mostrou-nos que os erros podem ser coisas preciosas, por isso não devemos deitá-los fora nem apagá-los. Eles podem levar-nos por caminhos que não conhecemos e levar-nos a inventar coisas que mais ninguém conhece. Já alguma vez tinhas ouvido falar de um “sapo-gato-vaca”?
O que vos propomos é que façam como a Corinna: não deitem fora os erros, guardem-nos num lugar bem seguro como se fossem jóias ou tesouros. E não só os erros dos desenhos, também os da escrita.
1. Escolham ou construam um lugar para guardar o “Tesouro dos erros preciosos”. Se alguém tiver em casa uma caixa preciosa ou um pequeno baú que já ninguém use, pode trazê-lo/a para a escola. Se ninguém tiver tal coisa, poderão construir a arca do tesouro a partir de uma caixa de cartão – pintem-na de uma cor à vossa escolha e escrevam: “Tesouro dos erros preciosos”.
2. Façam uma recolha dos erros da turma: cada um pode contribuir com um desenho que não se percebe ou uma palavra mal escrita. O vosso professor de certeza que pode ajudar nesta recolha. Guardem todas essas preciosidades no baú e vão aumentando a coleção ao longo do ano.
3. Definam com o vosso professor uma “Hora do erro”. Nessa hora podem ir ao baú dos erros, tirar um ou mais e inventar coisas surpreendentes.
a) erros desenhados: tira um desenho “errado”, copia-o para uma folha em branco e transforma-o numa coisa qualquer. Se achares que vale a pena, dá-lhe um título.
b) erros escritos: escolhe uma palavra “errada”. Imagina que tiras a palavra “proglema” (talvez alguém tenha querido escrever problema). Dá a essa palavra um novo significado. O que será um “proglema”? Um inseto com muitas patas? Uma espécie de trampolim? Outra coisa qualquer?…
c) agora que já tens um novo significado para essa palavra, podes inventar frases com ela ou, se estiveres muito inspirado, uma história completa. Por exemplo: O João viu um proglema a passear na alface que estava no seu prato… ou… Quando a Maria e a irmã estavam a saltar no proglema… Diverte-te com o erro!