Greve
Título
Greve
Autor
Catarina Sobral
Edição
Orfeu Negro, 2011
Dimensões da educação para a cidadania
educação para os direitos humanos
Palavras-chave
pontos; regras; o papel de cada um; linguagem comum; direitos cívicos; organização da sociedade
ENQUADRAMENTO
Por vezes, de um dia para o outro, as coisas alteram-se radicalmente: coisas que todos tomamos como certas deixam de o ser. Mesmo coisas aparentemente simples, a que não damos importância, só quando nos faltam é que percebemos como são importantes.
Nesta história, foram os pontos que resolveram desaparecer. À partida, esta greve não parece muito grave, mas à medida que lemos a história, vamo-nos apercebendo da quantidade de pontos que existem à nossa volta, na nossa vida, na nossa linguagem, no nosso espaço, no nosso mundo, e da falta que nos fazem.
Os pontos decidiram fazer greve. Não sabemos porquê. Tal como não sabemos porque é que a greve acabou. O que sabemos é que a sua falta causa grande transtorno a toda a cidade e sociedade.
A greve é um direito fundamental pelo qual muitas pessoas lutaram em todo mundo. A greve é uma forma de protesto, de exigir algo que sentimos que faz falta. Quem faz greve diz que não trabalha enquanto a sua exigência não for satisfeita ou não puder negociar uma forma que lhe pareça mais justa de as coisas acontecerem.
As greves incomodam, causam transtorno, deixam o mundo de pernas para o ar, mas, sem as greves e as manifestações, as mulheres não poderiam votar, as pessoas não teriam direito a férias pagas nem a um horário de trabalho como o que agora têm, o racismo estaria ainda mais presente nas sociedades, e estaríamos menos alerta para a emergência climática.
As greves também servem para percebermos a falta que nos fazem algumas pessoas e os seus trabalhos, que são, muitas vezes, quase invisíveis.
PERGUNTAS PARA PENSAR
O que acontece quando os professores fazem greve? E quando os carteiros fazem greve? Imagina greves de outras profissões — quais serão as consequências?
Se pudesses fazer uma greve, a que a farias? À sopa? Aos trabalhos de casa? A pôr a mesa? A tomar banho?
Neste livro, são as coisas que fazem greve. Imagina outras coisas a fazerem greve. O que aconteceria se…?
Se os lápis fizessem greve, não podíamos escrever.
Se as tesouras fizessem greve, não cortávamos o cabelo.
Se a farinha fizesse greve, não fazíamos bolos.
(Procura inventar mais greves e pensar nas suas consequências.)
De certeza que já ouviste falar da Greta Thunberg, mas já a ouviste a falar? O mundo vive uma “emergência climática” (o que quer dizer que é mesmo urgente alterarmos a maneira como vivemos para a Terra ter hipótese de recuperar dos maus tratos que a Humanidade lhe tem dado). A Greta achou que este problema era tão grave que se lembrou de fazer uma greve, porque os adultos que fazem as leis não o estavam a resolver bem. As crianças também podem fazer greve. Na tua escola ou na tua cidade, sentes que há alguma coisa que não possas calar?
Durante a pandemia, houve várias profissões a que muitas pessoas só nessa altura deram o devido valor. Nem todos ficaram em casa para que o mundo pudesse continuar a funcionar. Que profissões deste conta de que existiam por causa da quarentena?
EXPLORAÇÃO
Criação de cartazes individuais e coletivos para as crianças fazerem ouvir a sua voz
Tipo de exploração
projeto (escrita e expressão plástica)
Material sugerido
cartão; canetas e tinta preta; papéis de jornais, revistas, fotocópias e fotografias (preto-e-branco); papéis vermelhos e azuis; tesoura; cola; lápis de carvão ou lápis de cor preto
O que te propomos é que penses em alguma coisa pela qual valha realmente a pena fazer uma greve ou manifestação e que faças o cartaz para fazeres ouvir a tua voz.
1. Da reflexão que fizeste com os teus colegas e professor, escolhe alguma coisa que seja realmente fundamental para ti. Se fizesses uma greve e fosses a uma manifestação, o que diria o teu cartaz? Que direito irias exigir? Por exemplo:
Direito a ter um cão.
Direito a deitar-me tarde.
Direito a ter um quarto só para mim.
Direito a dar a minha opinião.
2. Corta e espalma caixas de cartão para criares a base do teu cartaz (deve ficar com um tamanho próximo do A3, para que a mensagem se leia bem ao longe).
3. Escolhe o lugar do cartaz onde vais escrever a tua mensagem (se é em cima, ao centro, de lado, etc). Escreve com guache, tinta preta ou uma caneta de feltro grossa: “DIREITO A …”. Pensa que tipo de letra vais usar. No livro, há imensos por onde escolher!
4. Cria agora ilustrações para o cartaz que ajudem a reforçar a tua mensagem usando apenas colagens. Para te inspirares, volta a olhar para as que a Catarina Sobral (que escreveu e ilustrou este livro) fez. Vamos usar três regras para este jogo de colagens:
a) só podes usar restos de revistas, jornais, fotocópias, fotografias antigas a preto e branco (podem servir para texturas, paisagens, ambientes, objetos, etc);
b) só podes usar restos de papéis vermelhos e azuis (podes criar imagens inventadas combinadas com as imagens reais das fotocópias e jornais, fazer a roupa das pessoas, etc);
c) podes desenhar por cima dos recortes, mas apenas com lápis de carvão ou lápis preto (desenha pormenores que faltem à tua imagem e que não consigas fazer através de recortes dos outros materiais).
5. Quando tiveres terminado o cartaz, dirige-te a um local combinado com o teu professor (perto do quadro, em cima de uma cadeira, num canto do recreio), segura o teu cartaz e diz alto o teu direito para que toda a turma o ouça. Mesmo que ao princípio te pareça difícil e te sintas envergonhado, não desistas. É muito importante aprenderes a fazer-te ouvir naquilo que importa mesmo. E também é importante ouvires o que os outros consideram essencial.
6. No final, podem fazer uma fotografia de turma com cada um a segurar o seu cartaz como se estivessem numa manifestação de direitos das crianças.
7. Normalmente, as greves e as manifestações fazem-se por direitos coletivos e não individuais. Com toda a turma, escolham agora um direito que todos queiram defender para a vossa escola. Acham que um cartaz serviria para comunicar a vossa mensagem? Que outros formatos poderiam utilizar? Uma grande faixa, como na capa do livro? Um mural*? Ou simplesmente as vossas vozes em coro? Decidam democraticamente qual o melhor formato.