Capital
Título
Capital
Autor
Afonso Cruz
Edição
Pato Lógico, 2014
Dimensões da educação para a cidadania
educação financeira; educação do consumidor
Palavras-chave
capitalismo; dinheiro; amizade; engano; cobiça; ascensão social; ambição; traição; escravatura; ingenuidade; sociedade; bem comum
ENQUADRAMENTO
Este livro não tem palavras, é silencioso. Será mesmo? Ao passar as páginas, conseguimos ouvir imensos sons: vozes, moedas a cair, máquinas a funcionar, passos, tchin-tchins e até gritos!
Ao longo do livro, acompanhamos o crescimento de um menino, mas também o de um porco. Este vai engordando a olhos vistos, alimentado a moedas, dinheiro, riqueza. No início, é apenas o que é: um porquinho mealheiro, mas, algumas páginas à frente, o objeto ganha vida e é agora um animal de estimação.
Um amigo acompanha o menino desta história ao longo da sua vida. Pelo seu olhar, percebemos que o amigo tem algumas dúvidas em relação aos projetos que o menino-protagonista lhe vai mostrando com orgulho, mas acaba por se tornar seu sócio. Entretanto, o nosso menino (que cresceu e é agora um homem) vai ficando cada vez mais parecido com o estranho senhor de charuto que lhe oferece o porquinho-mealheiro no início do livro. Quem será ele?
No dia do casamento do menino-homem, o porco de estimação abocanha um convidado. Umas páginas mais à frente, engole o amigo. Na última página, é um monstro, pronto a destruir a cidade. Na guarda final do livro, o planeta Terra tem a forma de um gordo porco-mealheiro.
Esta história parece um filme de terror: começamos ao lado do menino e depois vamo-nos sentindo de fora, assustados, surpreendidos e, finalmente, engolidos pelas consequências das suas ações.
PERGUNTAS PARA PENSAR
O que quer dizer “capital”? O que é um capitalista?
Quem será o homem de charuto no início deste livro? O que representará?
O que é um amigo? O que é um sócio?
O que é a riqueza? Que outros tipos de riquezas existem?
Que dizes do olhar do menino, agora já um homem, de costas voltadas, quando o amigo está a ser engolido pelo porco-mealheiro? Será que não está mesmo a ver ou está a não querer ver? Para onde terá ido a amizade? O que pensas que aconteceu ao porquinho-monstro? Consegues imaginar uma maneira do porco não se ter transformado num monstro? Como? O que é que o menino teria de ter feito de maneira diferente?
Tens um porquinho mealheiro? Para que gostarias de usar o teu dinheiro?
Às vezes, as pessoas queixam-se de o mundo “girar à volta do dinheiro”, mas aqui, nas guardas finais deste livro, é o próprio planeta Terra que é representado por um porco-mealheiro. O que te parece que esta ilustração pode querer dizer?
EXPLORAÇÃO
Criação e gestão de um orçamento para material da turma
Tipo de exploração
projeto (investigação e elaboração de um orçamento)
Material sugerido
papel; caneta; máquina de calcular; computador com ligação à internet
O dinheiro é um meio para atingir um fim, embora muitas vezes pareça um fim em si mesmo. Algumas pessoas querem o dinheiro só porque sim, mas a maioria quer tê-lo para fazer e obter coisas que lhe fazem falta e de que gosta.
Para a escola funcionar, também é preciso dinheiro. E é preciso decidir onde gastá-lo: naquilo que é necessário e naquilo que dá gosto a quem faz parte da escola.
Quando temos o nosso dinheiro, podemos decidir em que é que o queremos gastar (embora muitas vezes os adultos nos digam para pensarmos melhor…). Mas a escola é de todos e quem manda nela tem de tomar decisões pelo bem comum*.
Se fosse a tua turma a decidir, como gastaria o dinheiro da escola?
Nesta proposta, vais experimentar decidir tu como gerir uma parte do orçamento da escola. Como a escola é muito grande e tem muitas coisas para gerir, vais pensar só numa parte que conheces melhor e que usas no teu dia-a-dia: o orçamento do material escolar/do recreio para a tua turma.
1. Imagina que, para este ano letivo, tens 200€ para gastar em material escolar para a tua turma.
2. Com a ajuda do teu professor e colegas, faz uma lista do material que faz falta na vossa sala. Podes incluir material consumível (que se gasta) e não-consumível (que dura algum tempo). Pensa naquilo que usam e vos faz mesmo falta, mas também naquilo que não têm e que viria a trazer melhoramentos interessantes.
3. Organiza a lista por ordem de prioridades: ou seja, põe em primeiro lugar aquilo que consideras mais importante e urgente. Não te esqueças de pensar naquilo que faz falta ao grupo e não a ti próprio; naquilo de que o grupo gostaria e não naquilo de que tu próprio gostarias. Às vezes são a mesma coisa; outras vezes não.
4. Discute a lista e as prioridades com os teus colegas de modo a chegarem a uma lista comum.
5. Investiga os valores dos objetos que estão na lista para ficarem a saber quanto custa cada coisa.
6. Tem atenção: vais encontrar valores muito diferentes para cada objeto, uns mais baratos e outros mais caros. Uns lápis de cor, por exemplo: pode haver uns muito baratos, mas provavelmente vão partir-se facilmente e ser tão duros que não pintam nada de jeito. Os mais caros provavelmente são mais macios e pintam melhor. Mas são mais caros. E até pode haver uns ainda mais caros, mas fabricados por uma pequena empresa em que os funcionários recebem uma parte do lucro das vendas para além do seu salário. Depois de teres o máximo de informação possível, que lápis irás escolher?
Uma bola, por exemplo: também há umas mais caras, outras mais baratas. Umas serão feitas de um material muito poluente, outras serão de uma marca investigada por usar trabalho infantil, umas terão imenso estilo (mas levarão grande parte do orçamento), outras serão tão baratas que dará para comprar dez em vez de uma. Mas serão mesmo necessárias dez bolas?
Vais ter de tomar decisões difíceis. E para tomares as decisões o melhor possível, vais ter muito trabalho a investigar tudo o que conseguires, a decidir as prioridades, a ceder — quando a maioria do grupo discordar da tua opinião, a fazeres as contas, a prescindires de algumas coisas que achas importantes. Pois é, o dinheiro não dá para tudo!