Arrumado
Título
Arrumado
Título original
Tidy
Autor
Emily Gravett
Tradução
Francisco Ferreira da Fonseca
Edição
Livros Horizonte, 2017
Dimensões da educação para a cidadania
educação ambiental/desenvolvimento sustentável; voluntariado
Palavras-chave
ambiente; ecologia; ação e consequência; pegada ambiental; fósseis; obsessões
ENQUADRAMENTO
Pedro, o texugo, lembra-te alguém? Às vezes parece que os adultos têm a mania da arrumação. E isso, muitas vezes, estraga as brincadeiras dos mais pequenos… Mas, bem, há limites: para viverem várias pessoas num mesmo espaço, tem de haver o mínimo de ordem, senão nada funciona. Mas, Pedro, o texugo, levou esta ideia um pouco longe demais. (Temos até de ter cuidado com aquele aspirador furioso: qualquer dia voltamos a abrir o livro e o Pedro aspirou todas as letras!…)
Até a história do Pedro é arrumadinha, toda em verso; reparaste?
Por vezes, pensamos que estamos a fazer uma coisa bem feita, uma coisa certa, e depois damos conta de que o que fizemos não foi nada boa ideia (ou alguém nos mostra isso mesmo). E nessas alturas, arrastamos os outros para nos ajudarem a fazer alguma coisa, como o Pedro arrastou os seus amigos animais, e afinal a nossa ideia não era assim tão boa. Neste caso, o Pedro, com a ajuda dos seus amigos, até conseguiu consertar o erro, mas isso nem sempre é possível. Há ações irremediáveis — na nossa vida e no Planeta.
A arrumação do Pedro também lembra a maneira como a Humanidade tem organizado a Terra. A terra é como um corpo, precisa de respirar. E se a asfaltamos ou cobrimos toda de cimento, não deixamos que os animais a possam habitar, que a chuva possa escorrer para a alimentar e juntar-se às águas subterrâneas, que as estações possam suceder-se ciclicamente, que a vida possa acontecer. E, no final de contas, tal como na história do Pedro, estamos até a fazer mal a nós próprios.
PERGUNTAS PARA PENSAR
Há um ditado que diz “De boas intenções está o inferno cheio”. O que é que significa e de que forma se aplica ao caso do Pedro?
Aquilo a que se chama património é um conjunto de bens (materiais ou não) que pertencem a uma pessoa, uma família ou uma comunidade. Por exemplo, um quadro pode ser património de uma pessoa. Uma casa pode ser o património de uma família. O património de uma comunidade pode ser uma cidade, uma praia, uma floresta, um país ou todo o planeta. O património de uma comunidade pertence a todos e, por isso, tem de ser bem tratado e preservado.
Não podemos tratar as coisas que são de todos como se fossem só nossas. Como é que se pode tratar bem de uma praia? O que se pode fazer para cuidar de uma floresta? E para manter uma cidade, que contributos se podem dar? E para cuidar do planeta, o que se pode fazer?
Já alguma vez sentiste que o património de todos estava a ser maltratado? Quando?
Diz-se que “a nossa liberdade termina onde começa a dos outros”. Já tinhas ouvido esta expressão? Percebes o que pode significar? Consegues dar exemplos concretos?
Já reparaste que o Pedro, sozinho, conseguiu destruir muita coisa, mas para voltar a pôr tudo no lugar precisou da ajuda de todos? Que conclusões podes tirar daqui?
Tudo aquilo que nós fazemos no nosso dia-a-dia tem impacto no planeta. Já pensaste sobre isso? Podem ser coisas pequenas, que parecem não ter importância nenhuma, mas, se as multiplicarmos pelos muitos biliões de pessoas que as fazem, o impacto pode ser gigantesco. Na sua fúria pelas arrumações, o Pedro vai fazendo algumas coisas graves à floresta. E essas coisas têm impacto e consequências em tudo o resto: deixa de haver comida, o Pedro deixa de conseguir ir para casa, todos os animais deixam de poder viver na floresta. Felizmente, o Pedro apercebe-se a tempo dos seus erros e consegue emendá-los mudando o seu comportamento. Mas nem sempre é assim…
Consegues pensar em coisas do teu dia-a-dia que possam ter consequências más para o planeta? E consegues pensar em coisas que tenham consequências boas? E, para as que têm consequências más, consegues pensar em formas de as emendar?
EXPLORAÇÃO
Pesquisa e criação de uma coleção de fósseis de elementos naturais. Apresentação das descobertas
Tipo de exploração
projeto (investigação e expressão plástica)
Material sugerido
barro ou pasta de modelar; papel; diferentes objetos naturais recolhidos pelos alunos; rolo da massa
A certa altura da história, o Pedro mandou cimentar a sua floresta. Ficou com um ar mais arrumado, é certo. Nós, Humanidade, também vamos aos poucos “cimentando” e “empedrando” o mundo. Mas a natureza é tão forte que às vezes continua a deixar as suas marcas. Algumas dessas marcas chamam-se fósseis*.
Na natureza, os fósseis formam-se por acaso; mas nós podemos criar fósseis de coisas de que gostamos para que elas durem muito tempo. Será uma forma de guardarmos as coisas que estão em risco de desaparecer. Era mesmo triste perdermos para sempre algumas coisas importantes, mas pelo menos ficaria uma memória do que existiu. Uma memória sem cheiro e sem vida, mas uma memória.
O que te propomos é que, com a tua turma, cries uma coleção de fósseis e faças com ela uma exposição.
1. Na escola, com os teus colegas e professor, tenta encontrar fósseis. Os fósseis são discretos, tens de pôr os teus “óculos” de detetive! Na pedra mármore ou lioz, ou até mesmo em algumas pedras da calçada, por exemplo, é fácil encontrá-los. Nalguns edifícios, como o Mosteiro dos Jerónimos ou o CCB, também há imensos para descobrir.
2. Para fazeres o fóssil:
a) escolhe elementos da natureza de que gostes muito: uma folha de outono, um resto de uma pinha, uma concha, um osso de frango, uma espinha de peixe…
b) cria uma base com pasta de modelar (ou com barro de secagem rápida) com a forma que quiseres;
c) coloca os elementos da natureza em cima da base;
d) põe um papel sobre os elementos;
e) pressiona, com a ajuda de um rolo ou com as mãos;
f) com muito cuidado, retira os elementos da base.
g) A forma do elemento que escolheste ficou marcada na base. Já tens o teu fóssil!
3. Cria uma legenda para o teu fóssil. Por exemplo: Folha apanhada pelo meu pai no quintal da minha avó, no primeiro dia de férias.
4. Junta todos os fósseis para fazerem uma exposição. Para a apresentarem, podem pensar em visitas guiadas, presenciais ou virtuais.
5. Na vossa exposição, podem também colocar frases que alertem para os perigos que ameaçam o planeta. E, já que o texto do livro é todo em rima, podes tentar que essas tuas frases também rimem. Por exemplo: Se não começarmos já a mudar, só os fósseis vão ficar! Se não tivermos cuidado, o planeta fica inundado! Presta bem atenção: este problema pode não ter solução!