A viagem
Título
A Viagem
Título original
The Journey
Autor
Francesca Sanna
Tradução
Susana Cardoso Ferreira
Edição
Fábula, 2018
Dimensões da educação para a cidadania
educação intercultural; educação para os direitos humanos; dimensão europeia da educação
Palavras-chave
migração; refúgio; guerra; medo; fronteira; estrangeiro; desconhecido
ENQUADRAMENTO
Quando viajamos, é, normalmente, por boas razões. Vamos de férias ou de visita aos avós, a uma festa importante ou conhecer um outro lugar. Preparamos o itinerário, as malas e um presente para levar a quem nos recebe — quando vamos para casa de alguém. Por vezes, até levamos um farnel, para não termos fome na viagem. E se vamos conhecer um lugar, levamos livros sobre esse sítio, para não perdermos nada de importante.
Mas há pessoas que se veem de repente numa viagem sem terem preparado quase nada para ela.
A viagem é um livro que conta parte da vida de dois irmãos que vivem tranquilos com a sua família: moram perto do mar e passam os fins de semana na praia, leem, nadam no mar, constroem castelos na areia.
Mas, um dia, tudo muda para sempre: a guerra chega e com ela o horror e o caos. O pai morre. No livro, o mar e as sombras espalham-se assustadoramente sobre as figuras da mãe e dos irmãos; parece que sentimos o medo por eles. A mãe decide partir com os dois filhos para um lugar distante, um outro país, onde possam ficar em segurança. Mas, no mundo, nem todas as pessoas estão autorizadas a viajar para todos os lugares: há países que proíbem a entrada nos seus territórios de pessoas de determinadas nacionalidades.
Pelo mundo fora, há muitas crianças e adultos a viver histórias como esta. São pessoas que, de repente, veem as suas vidas interrompidas por eventos terríveis como a guerra. Para se porem a salvo, precisam de fugir e de procurar refúgio noutro lugar. Por isso se chamam refugiados. Outras vezes, são pessoas que, em busca de melhores condições de vida e de mais oportunidades, deixam as suas terras para tentar a sorte em países mais ricos e mais estáveis. São os migrantes. Ambos os grupos fazem viagens muito longas, muito duras, têm de escapar à justiça dos lugares por onde vão passando (porque são ilegais e viajam sem autorização), passam fome, frio, medo, arriscam as suas vidas, experimentam situações terríveis, sempre na esperança de alcançar um lugar melhor, de ficar em segurança e de ter uma segunda oportunidade.
PERGUNTAS PARA PENSAR
Consegues imaginar-te na pele destes irmãos? Consegues imaginar a tua vida virada do avesso, perder alguém importante e ser obrigado a partir de repente?
Se tivesses de te despedir de tudo e de todos, o que quererias guardar na tua memória?
Pensando na vida que tens hoje, o que não quererias mesmo esquecer? E as pessoas à tua volta e os animais perto de ti, quais escolherias lembrar para sempre? De quais terias mais saudades?
Observa as ilustrações da página da partida. Vemos uma montanha de malas que a mãe está a preparar. Estará provavelmente a escolher as coisas mais importantes para levar numa viagem que não sabe exatamente quanto tempo vai demorar nem de que maneira vai acontecer. O que achas que ela decidiu empacotar nas malas? Que coisas importantes achas que ela escolheu para levar?
Repara no que vai acontecendo com as malas ao longo do livro e à medida que a viagem vai acontecendo. Que coisas essenciais achas que mantêm com eles? Quando lhes resta apenas espaço para um pequeno objeto, que objeto achas que é esse? E quando apenas lhes restam as roupas, o que achas que levam nos bolsos? Que coisas importantes, para se sobreviver numa viagem destas, é que se podem levar nos bolsos?
Se fosses tu a ter de partir para um lugar desconhecido e não pudesses levar senão um único objeto, o que escolherias levar? Só tens a hipótese de levar uma única coisa. Não podem ser pessoas nem animais, apenas um objeto. Qual escolherias? Porquê?
Quando estão deitados na floresta, aconchegados nos braços da mãe, vemos que enquanto os irmãos têm os olhos abertos, a mãe se mantém séria. Assim que eles adormecem, a mãe chora. E porque chora apenas nesse momento? Porque achas que a mãe não o faz à frente dos seus filhos? Já viste a tua mãe, o teu pai ou algum dos adultos que vivem contigo chorar? O que sentiste nesse momento?
Imagina a dificuldade de se ir viver para um lugar desconhecido, um lugar do qual mal se ouviu falar, um lugar cuja língua não se conhece, nem tão-pouco os hábitos das pessoas que lá vivem. Conheces alguém que tenha passado por essa experiência? Será que tu próprio já o experimentaste? Ou será que consegues imaginar-te numa situação dessas? Por onde achas que poderias começar para te sentires em casa nesse lugar? Se já passaste pela experiência, o que te ajudou a sentir melhor nesse lugar?
EXPLORAÇÃO
Proposta de investigação das viagens migratórias de várias gerações da família, com recolha de testemunhos, objetos, fotografias. Apresentação das descobertas
Tipo de exploração
projeto (investigação, escrita, expressão plástica e apresentação)
Material sugerido
bloco de notas; mapa do mundo
Vamos descobrir os migrantes que fomos e somos. Terá havido migrantes na tua família?
O que te propomos é que faças de detetive e que investigues à tua volta. Tenta perceber se há ou houve migrantes entre os teus familiares e quais as razões que os levaram a partir ou a chegar: se foram obrigadas, se foram atrás de alguém, se tiveram de fugir de algo, se quiseram partir à aventura.
1. Primeiro, investiga as histórias da tua família. Faz perguntas aos teus familiares e tenta perceber se, nas várias gerações (irmãos, pais, avós, bisavós, trisavós, etc.), houve pessoas a mudar de país, a ter de partir para ir viver para lugares desconhecidos.
Poderás encontrar histórias de pessoas que saíram do país onde estamos, histórias de pessoas que vieram para cá, histórias de pessoas que passam a vida a mudar de país.
2. Tenta também saber coisas sobre o país para onde foram ou de onde vieram: Onde fica no mapa? Que distância percorreram? Como fizeram a viagem? Quanto tempo levaram? Como se adaptaram? Aprenderam a falar a língua? Fizeram amigos? Voltaram à sua terra de origem?… Toma nota dos resultados de toda a tua investigação.
3. Pede ao teu professor um mapa do mundo (que seja igual para todos). Nele, irás marcar o percurso da viagem (ou viagens) feita pelo(s) teu(s) familiar(es) migrante(s). Escolhe a cor certa para marcares essa rota.
4. Terás de contar a tua descoberta aos teus colegas. Começa por lhes mostrar o mapa com a rota marcada. Pensa numa apresentação para contares depois a história do(s) teu(s) familiar(es) migrante(s). Podes mostrar fotografias dele(s) e/ou dos sítios que te descreveram, objetos relacionados com as viagens, contar episódios que tenhas descoberto, etc.