O rosto da avó
Título
O rosto da avó
Título original
The Lines on Nana’s Face
Autor
Simona Ciraolo
Tradução
Maria Afonso
Edição
Orfeu Negro, 2017
Dimensões da educação para a cidadania
educação para os direitos humanos
Palavras-chave
memória; recordação; património; avós; histórias; envelhecimento; família; passagem do tempo; vida
ENQUADRAMENTO
Sabes o que quer dizer rosto? É uma palavra que usamos menos do que cara. Tem um som um pouco mais antigo que até liga bem com a cara desta avó, não?
Esta história passa-se no dia de anos da avó, dia em que a neta fica intrigada com as linhas que a avó tem na cara.
Na verdade, todos temos linhas no corpo, mesmo quando ainda não somos velhinhos.
As pessoas mais novas ainda têm poucas linhas no rosto, poucas rugas. Às vezes até já têm as chamadas “rugas de expressão”, porque, quando rimos, choramos ou nos espantamos, os imensos músculos da nossa cara mexem-se, e aparecem vincos na nossa cara. Alguns vão ficando marcados. Os melhores são os do sorriso.
E já olhaste para as tuas palmas? As linhas que temos nas palmas da mão, mais vincadas, parecem as estradas de um mapa. Há quem lhes dê nomes — da vida, da cabeça, do coração — e quem diga até saber lê-las, como se nelas estivesse escrita a história de cada um.
Depois também temos aquelas mais suaves, que cobrem a ponta dos nossos dedos e que são diferentes em todas as pessoas que existem, já existiram e ainda vão existir no mundo inteiro! A essas, das pontas dos dedos, chamamos impressões digitais. Antes da tecnologia se tornar digital, quando se ia fazer o Bilhete de Identidade (que é o avô do Cartão de Cidadão), tinha de se sujar as pontas dos dedos com tinta preta para depois se marcar o nosso carimbo único e irrepetível no papel que viria a ser o Cartão de Cidadão.
Tal como no cartão de cidadão estão registados os nossos antepassados mais diretos (os nossos pais), nos avós estão guardadas as histórias da família. Os avós são os grandes guardiões do passado e têm segredos muito bem guardados: histórias muito cómicas sobre os nossos pais (que nunca ninguém se lembrou de nos contar), histórias de outros tempos e de como as coisas eram e aconteciam de maneiras tão diferentes das de agora.
Os avós têm guardadas riquezas incalculáveis. Os avós são mais valiosos do que antiguidades!
PERGUNTAS PARA PENSAR
O que é a memória? Onde se guardam as memórias? Na cabeça, no coração, nas rugas?
As rugas são marcas da passagem do tempo. Muita gente não gosta de as ter porque é sinal de que já não se é novo. Ser novo é melhor do que ser velho? Porquê? Achas as rugas feias ou bonitas? Porquê?
Já tinhas pensado nesta ideia, de que as rugas ajudam a ver e a conhecer o passado de quem as tem? Achas que é por isso que há quem queira esconder as suas rugas (através da utilização de cremes ou até de operações plásticas)? Ou será que é por outra razão?
No livro, as histórias que a avó conta a partir de cada uma das suas rugas influenciaram o sítio onde essas rugas apareceram (momentos alegres deixaram rugas na zona do sorriso, momentos de medo deixaram rugas na zona das sobrancelhas, noites em branco deixaram marcas debaixo dos olhos, etc). Já observaste, nos adultos à tua volta, onde aparecem as suas rugas? O que contarão elas sobre as suas histórias?
Qual achas que vai ser a primeira ruga que te vai aparecer? Onde? E porquê? Qual é a história que vai contar?
EXPLORAÇÃO
Escrita e ilustração de histórias de família e/ou memórias dos avós (ou pessoas mais velhas que façam parte da vida das crianças) a partir da identificação de linhas no rosto e de uma entrevista
Tipo de exploração
projeto (expressão plástica, escrita e entrevista)
Material sugerido
fotocópia a preto e branco em A4 de uma fotografia do rosto de um dos teus avós; lápis de cor; papel para desenhar
As linhas que vão marcando a cara dos mais velhos são linhas que escrevem histórias. O que te propomos é que as vás descobrir: às linhas e às histórias.
1. Pede aos teus pais uma fotocópia a preto e branco em A4 de uma fotografia do rosto de um dos teus avós.
2. Com um lápis de cor (podes escolher uma cor diferente para cada linha) marca cada uma das linhas que vês.
3. Depois, mostra a imagem ao teu avô ou avó e tenta saber, através de uma entrevista, que histórias ou acontecimentos estão por detrás de cada uma das linhas que descobriste. Se já não tiveres avós, podes tentar imaginar um acontecimento para cada uma das linhas, ou pedir a um amigo ou vizinho mais velhos se o podes entrevistar e fazer a investigação a partir das linhas deles.
4. Agora escreve essas histórias. Para o fazer, podes usar as cores que escolheste para cada linha.
5. Também podes fazer um desenho sobre cada acontecimento, usando, para cada um, a cor que escolheste para a linha desse acontecimento. Podes sobrepôr os desenhos: as memórias às vezes também se misturam!